Setembro Amarelo é uma campanha nacional dedicada a prevenção ao suicídio, assunto de bastante relevância, considerado como um grave problema de saúde pública.
Durante muito tempo, o suicídio foi estigmatizado, sendo um grande tabu, como hoje ainda é. Assunto complexo e com múltiplos fatores, a abordagem a esse tema não fazia parte do cotidiano, conservando a falsa sensação de que ele pouco ocorria.
No entanto, deixar de falar sobre o suicídio não faz com que ele não aconteça. Pesquisas recentes sinalizam que o suicídio é uma das três principais causas de mortes entre jovens entre 15 e 29 anos no mundo.
No Brasil, são registrados aproximadamente 12 mil suicídios por ano, sendo 96,8% dos casos relacionados a transtornos mentais, como depressão, bipolaridade e uso/abuso de substâncias psicoativas.
A abordagem sobre o suicídio não pode ser restrita. Ao contrário, deve-se compreendê-lo como o “desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo”, “é a consequência final de um processo” (ABP, 2014, p.10).
Atualmente, alguns fatores de risco são associados aos pensamentos suicidas, dentre eles: aspectos sociais (idade, condição de emprego/aposentadoria, isolamento social), aspectos psicológicos (impulsividade, instabilidade de humor, perdas recentes, traumas na infância, desesperança), condição de saúde, além dos relacionados às doenças mentais.
Dar atenção a esses fatores é essencial!
Infelizmente, algumas barreiras são identificadas quando o assunto é prevenção ao suicídio. Além dos tabus sociais, ainda há uma grande dificuldade quanto ao quesito buscar ajuda: “dos que morrem por suicídio, cerca de 50% a 60% nunca se consultaram com um profissional de saúde mental ao longo da vida” (ABP, 2014, p.46).
Desconstruir estigmas e preconceitos relacionados ao suicídio é um grande passo para preveni-lo. Desvendar alguns mitos, presentes por tanto tempo em nossa sociedade, é imprescindível.
Falar sobre suicídio não aumenta o risco de se cometer tal ato, na verdade é o oposto: falar pode trazer alívio à angustia. Não é verdade que as pessoas que falam sobre a vontade de autoextermínio não o farão: a maioria fala ou demonstra seu desejo suicida. Quase que em sua totalidade, os suicidas estão passando por uma doença mental que modifica sua percepção da realidade, interferindo demasiadamente em seu livre arbítrio.
Atenção adequada à saúde mental e tratamento apropriado é estrutura fundante na prevenção ao suicídio, no entanto, não se resume a ela. É necessário levar em “consideração os aspectos biológico, psicológico, político, social e cultural, no qual o indivíduo é considerado como um todo em sua complexidade” (BVSMS, 2018).
Caso você tenha ou conheça alguém com pensamentos suicidas, não hesite: busque ajuda, converse, permita-se amparar e ser amparado, a acolher e ser acolhido.
Toda vida importa, você não está sozinho(a)!
FONTES:
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE (BVSMS). 2018. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA (ABP). Conselho Federal de Medicina. Suicídio: informando para prevenir. 2014.
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